Hilário Teixeira Lopes

Hilário Teixeira Lopes nasceu em Mirandela, em 1932. Aos dez anos intensifica a produção de desenhos que já há algum tempo iniciara, reproduzindo todos os quadros e imagens dos livros e jornais a que vai tendo acesso, bem como as paisagens de Mirandela que expunha nas montras da vila. Em 1946, a família Teixeira Lopes muda-se para Lisboa e Hilário é inscrito na Escola António Arroio, à noite. Paralelamente começa a trabalhar no atelier do escultor João Fragoso, mantendo contacto com a vida artística da época através dos inúmeros pintores e escultores que frequentavam o atelier do mestre, e frequentando as tertúlias aí improvisadas. A vida do jovem pintor era agora dividida entre o trabalho e a boémia llisboeta. Por um lado, aprendia o classicismo do desenho, por outro, aprendia a técnica da cerâmica com Fragoso. E pintava cada vez mais encomendas afirmando-se como um retratista exímio. Deixa o atelier de João Fragoso e passa a trabalhar com o mestre do vitral, Ricardo Leone, com quem aprende esta arte até se tornar o principal executante da oficina. Leone tenta aliciá-lo com projectos futuros e promessas de sociedade, mas Hilário cansa-se de tanto trabalho e responsabilidade. Continua os estudos na António Arroio e passa a trabalhar na Direcção Geral de Assistência em part-time. Emprego útil e de futuro, rapidamente a repartição se enche de telas suas nas paredes - um dia leva um cavalete, tintas e telas e instala-se num canto do arquivo – e passa a ter o seu atelier no emprego, para onde foge nas horas mortas de serviço. Vive de maneira muito diferente dos outros escriturários desencadeando um misto de admiração e inveja. Ao mesmo tempo, cansa-se de tanto escrever e contar em máquinas infernais, grandes e desajeitadas, e deixa o emprego do Estado. Passa definitivamente a trabalhar só em Pintura. A partir daí, será patrão de si próprio e tem só 22 anos. O tempo decorre e Hilário reage às tendências artísticas à sua volta e a sua sensibilidade capta as ondas de uma nova era. Começa a fugir à influência da cerâmica, da escultura, do vitral e dos retratos. Inicia então um trabalho de desconstrução da sua qualidade inata de desenhador e pintor. Trabalha incansavelmente até encontrar a sua pintura, a sua expressão, a sua posição no panorama da pintura moderna portuguesa. Torna-se um pintor expressionista e a sua obra passa a ser comentada pelos críticos de arte. A partir daqui, Hilário não fará mais nada senão pintar.